Os dias de crédito fácil e salários altos estão chegando ao fim no esporte da Europa. O futebol mais rico do mundo começa a sentir os efeitos da crise financeira mundial, que obrigou os clubes e as autoridades a mudarem de rumo.
– Ainda é difícil prever toda a dimensão da crise de crédito, mas com certeza o futebol e outras modalidades esportivas serão muito afetadas – disse Paul Blakey, professor de gerenciamento esportivo na Universidade Northumbria, na Inglaterra.
Já mergulhados em dívidas, muitos clubes europeus terão agora dificuldades maiores para ter acesso a linhas de crédito. Só o futebol inglês tem cerca de US$ 5,2 bilhões em dívidas e a Uefa avalia proibir os clubes endividados de participarem de suas competições.
– Recentemente, mencionou-se a possibilidade de que nenhum clube possa ter mais de 30% ou 40% de seu faturamento em dívidas – afirma Chris Gratton, professor de economia do esporte na Universidade Sheffield Hallam.
O diretor-executivo do Milan, Adriano Galliani, menosprezou os riscos enfrentados pelo futebol italiano, onde famílias ricas continuam sendo influentes e os prejuízos sempre são cobertos pelos acionistas. Na Alemanha, a preocupação gira em torno da falta de acordo sobre um novo contrato de TV. O atual, firmado pela Federação Alemã, deixa de vigorar ao fim da temporada.
Na Inglaterra, o projeto do Liverpool para construir um novo estádio de 60 mil lugares viu-se adiado pela crise.
– Há uma crise real. O dinheiro de fontes importantes não vai mais chegar ao futebol – afirmou Giorgio Brambilla, diretor de marketing e de vendas da empresa de consultoria Italy at Sport + Markt.
Nos Estados Unidos, os grandes problemas são a diminuição do público e o faturamento estagnado. A fim de enfrentar a crise, os diretores ofereceram promoções com ingressos, diminuíram a mão-de-obra e, no caso da Liga Nacional de Futebol (NFL), reabriram negociações de contratos com jogadores.
Apesar de muitas modalidades continuarem faturando alto, os dirigentes não acreditam mais que o setor esteja imune à crise.
– Fizemos uma manobra arriscada ao aumentar os ingressos, algo que regressará nas grandes modalidades esportivas – disse Michael Cramer, professor de gerenciamento de esportes da Universidade Nova York.
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