O excelente Futebol Finance trouxe como destaque uma matéria interessante: “Fundos Financeiros, a salvação dos adeptos”, que, resumidamente, fala das intenções e ações de torcedores insatisfeitos com a direção de seus clubes ou com a situação calamitosa de suas finanças.
O que fazem, então, esses torcedores insatisfeitos ou preocupados?
Associam-se e criam um fundo financeiro. A matéria cita dois exemplos, um criado pelos torcedores do Liverpool - Share Liverpool FC - e outro pelos torcedores, imaginem só, do Manchester United, o Manchester United Supporters Trust.
Associam-se e criam um fundo financeiro. A matéria cita dois exemplos, um criado pelos torcedores do Liverpool - Share Liverpool FC - e outro pelos torcedores, imaginem só, do Manchester United, o Manchester United Supporters Trust.
No caso do MU a insatisfação não tem foco nas finanças do clube, apesar de sua dívida monstruosa, e sim na vontade de ter o controle do mais poderoso clube de futebol do mundo nas próprias mãos e não em mãos americanas, já que o clube foi comprado pela família Grazer. Segundo o FF, o Supporters Trust conta com 30.000 membros.
O caso do Liverpool
Este é muito mais interessante em termos imediatos, além do que tem muito a ver com aspectos da nossa realidade. Desde que foi comprado por dois milionários americanos, discute-se a viabilidade financeira do time da terra dos Beatles. O falatório ganhou força ainda maior de um ano para cá.
Preocupados com a sobrevivência mesma do clube do coração, um grupo de torcedores criou o Share Liverpool FC. A ideia é arrecadar dinheiro suficiente para comprar o controle acionário do clube ou aproveitar alguma oportunidade e comprar uma participação que dê aos membros do fundo participação nas decisões e assentos na direção.
Ao associar-se, cada torcedor paga 500 libras e compromete-se, formalmente, a depositar outras 4.500 libras tão logo sejam solicitadas. Ou seja, cada membro do fundo responde por 5.000 libras, teoricamente líquidas e de disponibilidade imediata. De acordo com o FF, o Share Liverpool já conta com 50.000 associados, o que, em tese, dá-lhe o respeitabilíssimo capital de 250 milhões de libras.
Essa quantia corresponde a uma ação do fundo.
Cada pessoa só pode ter uma ação.
Cada ação corresponde a um voto.
Um torcedor, uma ação, um voto
O mecanismo de representação é plenamente democrático, como não poderia deixar de ser. Todo torcedor dono de uma ação é elegível e grupos de torcedores elegem representantes e estes, por sua vez, escolhem um comitê diretivo - uma estrutura muito parecida com a própria democracia inglesa.
O fundo admite que uma ação seja comprada por, digamos, dez torcedores, já que 5.000 libras não é o que se pode chamar de “dinheiro de pinga”, mesmo na Inglaterra. Nesse caso, há mecanismos para identificação e segurança dos participantes, e de qualquer forma o voto continua sendo unitário - uma ação, um voto.
Apesar dessa dinheirama, ainda não surgiu oportunidade para os administradores do fundo entrarem no Liverpool, mas eles não estão parados, muito pelo contrário. Em outubro, o Share Liverpool divulgou estudos apontando que as finanças do clube caminham para uma situação dramática em julho próximo, quando terá queimado seu capital e reservas no pagamento de despesas e dívidas bancárias. Além disso, o fundo projeta perdas entre 30 e 70 milhões de libras para os próximos 5 anos, a contar desse mês de julho.
Em novembro, a direção do Share Liverpool publicou uma carta aberta, pela qual convidou George Gilette e Tom Hicks para sentar e discutir a aquisição do Liverpool FC.
Segundo Barrie Baxter, um dos administradores do fundo, eles estão prontos para comprar e administrar o Liverpool, mas também estão abertos a considerar uma parceria com algum investidor que tenha, segundo ele, a “atitude correta” em relação ao clube e seus torcedores.
Em tempo: os estatutos do Share Liverpool são claros e extremamente rígidoss num ponto: uma pessoa, uma ação, um voto.
Fico pensando aqui com meus botões: fundos como esse seriam exeqüíveis nessa terra tropical, abençoada por Deus e bonita por natureza?
ESCRITO POR EMERSON GONÇALVES
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