A legalização de apostas esportivas no Brasil em dezembro de 2018 mudou de vez o mercado publicitário no futebol. Sites do ramo foram autorizados a fazer anúncios em propriedades de clubes e competições e terminaram o Campeonato Brasileiro, como mostrou o UOL Esporte no fim do ano passado, como patrocinadores de 13 dos 20 clubes da Série A. Na ocasião, especialistas viam tendência de crescimento em 2020, o que se confirmou: em menos de um mês, o número não diminuiu.
Anteontem (23), a empresa "NetBet" anunciou contrato de patrocínio por um ano com o Red Bull Bragantino. A marca está na manga da camisa de jogo e já foi exibida na primeira rodada do Campeonato Paulista, empate em 0 a 0 com o Santos. Os outros três times que subiram da Série B em 2019 também têm vínculos com empresas do segmento: Sport ("Infinity Bet"), Coritiba ("Marjosports") e Atlético-GO ("estadium.bet"). Eles "compensam" os rebaixamentos de Cruzeiro, CSA e Avaí e mantêm a presença maciça de sites de apostas na elite nacional. É um processo sem volta.
"O tamanho da população e a paixão pelo futebol. Isto, aliado com o grande número de apostadores brasileiros que aposta em sites estrangeiros, faz com que o país seja a bola da vez em 2020. Até o presente momento as grandes empresas operadoras de apostas esportivas ainda não desembarcaram no Brasil visando ao patrocínio de clubes. Espera-se que isso ocorra quando o mercado estiver regulamentado, o que por consequência terá a capacidade de aumentar os valores dos contratos de patrocínio", explica o advogado Eduardo Carlezzo, que foi representante do Brasil no SiGMA, evento que discutiu esportes eletrônicos e apostas esportivas em Malta, em 2019.
O desembarque das maiores empresas do mundo no futebol brasileiro pode ocorrer em breve. Isso porque a Lei 13.756/18 validou um único formato de apostas chamado de "quota fixa", quando é definido no momento da aposta quanto o apostador pode ganhar em caso de acerto. Ainda falta a regulamentação das operações no país, o que mudará as condições de instalações das empresas (que não precisarão ser hospedadas em outros países), poderá tirar a obrigatoriedade das plataformas serem administradas pela Caixa Econômica Federal e ampliará o potencial do mercado.
Há uma grande expectativa sobre a regulamentação das apostas, que deve vir na forma de decreto.
A previsão de Carlezzo se baseia em uma manifestação de Waldir Eustáquio Marques Júnior, subsecretário de Prêmios e Sorteios do Ministério da Economia, em entrevista ao jornal "Valor Econômico" em janeiro. O representante do Governo Bolsonaro afirmou que a ideia era regulamentar apostas esportivas até março de 2020 para atrair grupos internacionais a operarem no Brasil. Isso aconteceria por meio de um decreto.
Antes da regulamentação e do monitoramento, o futebol brasileiro já movimentava R$ 4 bilhões por ano em apostas, segundo o "mapa dos patrocinadores dos clubes da Série A do Campeonato Brasileiro 2019", feito pelo Ibope Repucom. "Existe alguma polêmica sobre o assunto, pois a lei que tratou da legalização das apostas não traz os melhores termos, especialmente na questão tributária. O ideal seria mudar a lei e apenas, após isso, editar o decreto. Contudo, como uma mudança na lei depende do Congresso e como isto pode tornar a aprovação imprevisível, aparentemente o governo vai iniciar o processo de licenciamento com o que existe na lei e tentar a mudança ao longo do curso", diz o especialista.
Patrocínio master é o próximo passo
Maior patrocinadora do futebol brasileiro até 2018, a Caixa anunciou em janeiro do ano passado que sua marca seria retirada dos uniformes das equipes e as parcerias encerradas. Assim, os departamentos de marketing dos clubes tiveram que se reinventar ao longo do ano, pois 14 dos 20 clubes de elite eram apoiados pela estatal.
Além do segmento financeiro, em especial bancos digitais, o ramo de apostas também chamou atenção do mercado e aproveitou a saída da Caixa. O próximo passo após a regulamentação, segundo especialistas, é que os sites passem a ser os principais apoiadores financeiros de vários clubes nos próximos meses. Há cerca de 500 plataformas especializadas em apostas que operam no Brasil atualmente. O Fortaleza ("EsporteNet") e o Goiás ("Marjosports") são os únicos que exibem marcas no espaço nobre do uniforme.
Bruno Maia, ex-vice-presidente de marketing do Vasco e especialista do mercado, espera essa mudança: "É bem provável, sim, uma valorização dos patrocínios de camisa, pois você terá muitas marcas ao mesmo tempo entrando, buscando exposição, e um número de camisas limitadas, sobretudo na Primeira Divisão. Lei de oferta e demanda. Assim como os valores caíram quando a Caixa saiu em 2019 de dezenas de clubes, aumentando a oferta. Não tenho dúvidas de que, tão logo a operação comece, rapidamente veremos marcas de apostas nas camisas. Sobre ser master, talvez demore um pouco nos maiores clubes por todos estarem com compromissos firmados e de média e longa duração. Mas assim que houver janela para isso, eles estarão na disputa."
Veja quais sites de apostas patrocinam os times da Série A:
Athletico Paranaense - não possui
Atlético-MG - não possui
Atlético-GO - estadium.bet
Bahia - Casa de Apostas
Botafogo - Casa de Apostas
Ceará - não possui
Corinthians - Marjosports
Coritiba - Marjosports
Flamengo - Sportsbet.io
Fluminense - não possui
Fortaleza - EsporteNet
Grêmio - não possui
Goiás - Marjosports
Internacional - não possui
Palmeiras - não possui
Red Bull Bragantino - NetBet
Santos - Casa de Apostas
São Paulo - betsul
Sport - Infinity Bet
Vasco - NetBet
Fonte: UOL
Bruno Maia @brunomaia14
Qdo a Caixa saiu,os patrocínios desvalorizaram. Maior oferta de clubes p/pouca empresa pondo $. Com a regulamentação das apostas esportivas,deve inverter: mtos anunciantes p/ poucos clubes disponíveis.A convite do @gabe_carneiro, falei disso no @UOLEsporte
Essa foi a ideia por trás da negociação do master do Vasco no ano passado: contornar um momento difícil de mercado e chegar agora, c/ uma janela de saída pra poder ser o único dos 5 maiores clubes do país apto a receber um patrocinador desse segmento sem precisar quebrar contrato
É fato q as apostas esportivas precisam de mta discussão em mtos aspectos, mas regulamentar será inevitável e o futebol brasileiro precisa dessa grana pra diminuir um pouco da diferença q existe pra outros mercados. Novas oportunidades surgem em momentos de mudança como esse.
Fonte: Twitter do ex-VP de marketing do Vasco Bruno Maia
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