Em 2020, pela primeira vez na história, o pagamento do pay-per-view referente ao Campeonato Brasileiro será baseado em um cadastro feito por torcedores no Premiere - as únicas exceções são Flamengo e Corinthians, que mantiveram um "mínimo garantido" junto à Globo. Ainda assim, o time carioca e o paulista aparecem nas duas primeiras posições do ranking, segundo apuração do Blog.
É bem verdade que a distância do Flamengo para o Corinthians no número de torcedores cadastrados no PPV apresenta uma vantagem considerável para os rubro-negros. Os percentuais não foram confirmados, mas sabe-se que o Fla terá direito a uma cota mínima de R$ 120 milhões, contra R$ 110 milhões do Corinthians.
A partir da terceira colocação do ranking, não há mais mínimo garantido. Ou seja, os clubes vão ficar com um percentual de acordo com o número de assinantes do Premiere cadastrados entre maio e novembro do ano passado. No ano passado, a quantia distribuída ficou próxima de R$ 500 milhões. A deste ano é uma incógnita, por conta da indefinição em relação a datas e ao modelo.
O terceiro lugar no ranking de assinantes não é mais do São Paulo, como nos últimos anos. O Tricolor caiu para a quarta posição, sendo ultrapassado pelo Palmeiras, possivelmente embalado pelo bom momento do time nas últimas edições do Campeonato Brasileiro - o Verdão foi campeão em dois dos últimos quatro anos. Importante: a diferença entre o Trio de Ferro paulista em termos de inscritos no Premiere hoje é pequena.
Também é importante ressaltar que o Palmeiras já ganhou mais do que o São Paulo no pay-per-view do ano passado, mas essa grana extra teve a ver com a negociação dura com a Globo - o Tricolor contava com mais assinantes, porém o Verdão havia assegurado um valor mínimo garantido de R$ 80 milhões, que lhe valeu mais dinheiro na comparação com o rival.
Na quinta colocação, outra novidade: o Vasco, que só perde para os quatro clubes já citados em qualquer pesquisa de popularidade no país, acabou superado pelo Grêmio. A consistência do time de Renato Gaúcho nas competições mais importantes dos últimos anos e uma campanha forte de estímulo para que os gremistas aderissem ao PPV e se cadastrassem ajudam a explicar a posição obtida no ranking em relação a 2019.
A partir da sexta colocação, há enorme equilíbrio. Vasco, Atlético-MG e Inter aparecem com números bem semelhantes. O Cruzeiro também figuraria nessa parte da lista se não tivesse sido rebaixado para a Série B - a queda, inclusive, vai permitir à Raposa escolher entre apostar na receita do PPV durante a Segundona ou aceitar a mesma cota dos outros 19 integrantes da segunda divisão, que gira na casa dos R$ 8 milhões.
Na sequência, aparecem Santos, Fluminense e Botafogo. Em outra prateleira, com percentuais menores, surgem Bahia, Goiás, Fortaleza e Ceará, não necessariamente nesta ordem. Os clubes que subiram para a primeira divisão em 2019 ainda discutem com a Globo como será pago o pay-per-view.
Valendo para 2021: Há tempos que os clubes batalham nos bastidores por uma divisão meritocrata das cotas do pay-per-view. Até 2018, a receita era dividida de acordo com pesquisas do Ibope. Em 2019, baseou-se em uma pesquisa com compradores do pay-per-view.
Para 2020, passa a valer o resultado do cadastro feito com torcedores que são assinantes do pay-per-view. Tal procedimento foi válido entre maio e novembro do ano passado. E o raciocínio valerá também para 2021, com a amostragem coletada de maio a novembro desta temporada. Ou seja, quanto maior engajamento, maior rentabilidade para os times.
Também é importante destacar que esse novo modelo coloca os clubes em risco. Se, por exemplo, a pandemia do Coronavírus impactar nas vendas de pacotes do pay-per-view, a receita final do produto será menor e, por consequência, o bolo dividido também ficará menor.
Para facilitar a compreensão, vale um exemplo fictício: digamos que o São Paulo tenha registrado 9% dos assinantes do PPV cadastrados em 2019. Isso significa que ele embolsará 9% do total arrecadado com o Premiere, já descontando os lucros da operação para a Globo.
Mata-mata é tiro no pé? Alguns dirigentes de clubes da Série A têm defendido recentemente a volta do sistema de mata-mata. Assim, o Brasileirão teria um turno único e os oito primeiros passariam a jogar em caráter eliminatório. A consequência, olhando do ponto de vista do pay-per-view, pode ser desastrosa, levando em conta que as equipes entrarão em campo muito menos.
Ficará difícil manter os assinantes de um time eliminado na primeira fase, com apenas 19 jogos. No campeonato de pontos corridos, cada um dos integrantes da Série A disputa 38 rodadas. Essa segurança de ver seu clube tantas vezes costuma ser um atrativo para torcedores que pensam em entrar para o Premiere.
Fonte: Blog do Jorge Nicola - Yahoo
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