Para quem olha a situação de dentro da área, parece incompreensível manter as academias vazias. Até então consideradas um espaço de promoção da saúde, em Minas Gerais, elas foram fechadas há 4 meses e enquadradas na categoria especial, que só será reaberta após o fim da pandemia. Quem adota um estilo de vida mais saudável já reclama da perda de condicionamento físico e retrocesso nos resultados. Já quem administra anda de calculadora nas mãos tentando resolver equações impossíveis: assimilar a perda de quase 100% da arrecadação com a manutenção dos custos e aparatos que serão exigidos quando o setor obtiver permissão para voltar a funcionar.
Dono de um Studio Personal e 3 academias (Arnonifitness Albinópolis, São João e Arcádia), que permanecem fechados desde 19 de março, Renan Arnoni trabalha, hoje, com 10% do faturamento, que provêm do atendimento de personal trainers em domicílio. A empresa ainda não demitiu, mas torce para que a reabertura ocorra em breve: “Creio que a pior parte já passou e que agora, após a reabertura das igrejas, autorizada pela prefeitura, em breve estaremos também de volta. Academia é atividade essencial para a saúde e qualidade de vida das pessoas. Sou favorável a um retorno responsável. Fizemos um protocolo de segurança e higienização, que foi entregue em mãos e protocolado pelo prefeito”, pontua.
Também defensor de uma reabertura responsável, o educador físico e responsável técnico pela Center Fitness Academia, Ragnar Alves Valle, afirma que os profissionais da área estão aptos para trabalhar de maneira responsável e eficiente: “O profissional de educação física está sendo treinado, até pelo Governo Federal, para combater a pandemia trabalhando em hospitais de campanha no nordeste e centro-oeste. E isso tem sido feito porque o educador físico não é só um professor que mexe com material esportivo: ele estuda fisiologia, anatomia, é preparado para trabalhar em laboratórios e até UTIs. Ele está apto a lidar com qualquer tipo de assistência à saúde”, afirma Ragnar, que destaca a importância de se manter ativo neste momento: “Todos sabem que os exercícios físicos são tão essenciais para a saúde como alimentação ou medicação prescrita. Por isso, acredito que nossos estabelecimentos deveriam estar na primeira ou na segunda onda. Somos capazes de criar situações em que a população tenha tranquilidade para frequentar nossas academias”, afirma.
Para não deixar de dar assistência aos alunos e garantir algum faturamento, a empresa adotou algumas estratégias: “No momento, estamos ministrando aulas online e fazendo arrendamento/ aluguel de material: alugamos 47 bikes, 25 esteiras e dois elípticos, além de material de academia, como jump, step anilhas, halteres e barras e isso tem ajudado na nossa sobrevivência. Também tenho que agradecer muito ao proprietário do imóvel, Moacir Neiva, que foi compreensivo e nos isentou do aluguel. O suporte que o governo deu quanto ao pagamento dos funcionários também nos ajudou. Com a renda dos meus trabalhos, fora da academia, consigo deixar a empresa com menor quantidade de dívidas”, detalha.
Enquanto aguarda a sinalização positiva para o funcionamento, a Center Fitness já realiza adequações: “Nós estamos providenciando tapetes para que o aluno possa esterilizar o calçado antes de entrar, totens acionados por pedais para esterilização das mãos, borrifadores com produto estéreo e flanelas individualizadas e numeradas, que serão entregues dentro de um saquinho de plástico vedado. Tenho aproximadamente 100 máquinas e elas estão sendo separadas a uma distância aproximada de 1,5m, o que leva a uma distância de 2m entre cada aluno sentado. Estamos facilitando a ventilação no ambiente e contratando uma empresa de Belo Horizonte que virá esterilizar todo ambiente de tempos em tempos. Já encomendei a fabricação de máscaras para todos os profissionais. O ambiente será higienizado nos intervalos de tempo definidos pelo protocolo que recebermos.
Cada passo é calculado se preparando para essa volta, mas a expectativa ainda é pessimista: “Creio que seja impossível falar de recuperação em um período inferior a 12 meses. Até porque ninguém poderá pensar em aumento de preço nos próximos meses. Estamos torcendo para reabrirmos, mas já cientes da situação gravíssima que enfrentaremos, porque o número de alunos deve cair muito. Por isso, dificilmente conseguiríamos manter nosso negócio com a qualidade que temos hoje. Ainda mais com maiores exigências que virão”, alerta.
A visão de Ragnar e Renan Arnoni é compartilhada com os demais empresários do setor: “Nós temos nos reunido constantemente. Criamos um protocolo e formamos comissões. Estamos trabalhando para criar um selo para identificar as empresas que estiverem adequadas à nova realidade. O criminoso não somos nós e só pedimos o direito de oferecer nosso serviço àqueles que gostam e querem fazer atividade física para se proteger. Quero agradecer muito ao Jornal CORREIO, a rádio Carijós e aos colegas das outras academias, que têm tentado, em todo momento, criar novas opções, novas possibilidades para que nossos alunos sejam bem atendidos”, finaliza.
Fonte: Jornal CORREIO
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