Após ver o clube saqueado, roubado e envolvido em diversos esquemas de corrupção, o cruzeirense não aguenta mais assistir a instituição agonizando. O Maior de Minas chega para o terceiro ano na terceira divisão. Apesar de maltratada, a torcida está com esperança renovada para o ano, ao ver a aprovação da venda do futebol para o ex-jogador e empresário Ronaldo Nazário, o Fenômeno.
Acho que é ponto pacífico a incompetência de Sérgio Santos Rodrigues na cadeira presidencial do clube. Com uma série de mentiras e uma incapacidade comprovada na gestão do clube, que ficou cerca de seis meses com salários atrasados, ver o futebol saindo das mãos de Sérgio é um alívio.
Não que o Fenômeno tenha se mostrado um exímio gerenciador de futebol por sua experiência no Valladolid da Espanha, mas apesar do sucesso esportivo ser questionável é evidente que o clube encontrou bons resultados financeiros.
Claro, nenhum clube de futebol vive de sucesso financeiro. O Cruzeiro precisa de uma retomada esportiva grande, passando principalmente por uma volta à elite do futebol nacional. No entanto, as dívidas mostram-se como o principal rival do clube nos subsequentes fracassos que o Cruzeiro apresenta dentro de campo.
São mais de R$ 1.000.000.000,00 (um bilhão de reais) em dívidas. Parte desses débitos são as temidas dívidas de curto prazo, aquelas que já estão vencidas ou que estão para vencer dentro do prazo de doze meses. Essas dívidas de curto prazo asfixiam o clube e causam problemas críticos na gestão. Em 2020 o clube perdeu seis pontos na disputa do Campeonato Brasileiro da Série B e as dívidas proibiram o time de contratar jogadores temporariamente. Em 2021 o Cruzeiro correu risco de rebaixamento automático se não pagasse uma dívida na FIFA, entidade máxima do futebol, isso foi feito, mas por meio ano o clube esteve novamente proibido de registrar atletas.
Não existe segurança para um clube nessas condições. Por essas e outras, a compra de Ronaldo do clube traz uma notícia muito melhor que os R$ 400.000.000,00 (quatrocentos milhões de reais) que serão investidos no futebol do Cruzeiro: o clube hoje tem um plano para pagar suas dívidas.
Já a partir da temporada 2022 o clube terá 20% de sua receita retida para o pagamento de dívidas. Do dinheiro investido por Ronaldo, no mínimo R$ 80.000.000,00 (oitenta milhões de reais) serão utilizados para sanar débitos do clube.
Claro, a dívida é muito grande e, ter um plano para o pagamento dela é só a primeira parte do processo de resolução dos inúmeros problemas do Cruzeiro. Agora, cabe ao Ronaldo mostrar uma gestão financeira ainda melhor que a feita no Valladolid e, claro, esportivamente nem precisa-se dizer nada.
Inclusive, o sucesso do Cruzeiro passa pelo retorno à Série A e o bom aproveitamento dos talentos da Toca da Raposa I. A reestruturação financeira do clube passa por estes aspectos.
Até então, Ronaldo tem se mostrado um empresário de sucesso. Mas tem no Cruzeiro o maior desafio de sua carreira. Um dos maiores nomes da história do esporte tem agora a missão de se mostrar um gestor de clube competente à frente da situação mais crítica do futebol nacional. Depois de muito se desiludir com aqueles que comandam o clube, acho que cabe ao cruzeirense um pouco de receio, como diria o Adilson Batista: “Vamos aguardar”. Confiar de olhos fechados foi parte do que nos fez chegar a esta situação calamitosa que enfrentamos, mas vale manter viva a esperança. O Cruzeiro há de retornar e mais páginas heróicas e imortais há de serem escritas.
Marcos Coelho
Jornalista, apaixonado por futebol e cruzeirense
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