segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

Valeu, Fábio

 Confesso que ainda não assimilei a ideia de que não teremos mais o Fábio defendendo o gol do Cruzeiro. Minha geração cresceu com o Fábio sendo o arqueiro celeste, é tão natural que a impressão que fica é a de que qualquer coisa diferente disso é errado.

Foram 17 anos e quase mil jogos do goleiro pelo clube. Fábio não é só um jogador de futebol, é um exemplo de profissionalismo, entrega, liderança e apuração técnica. Fácil entender o porquê que ele se tornou, para muitos, o maior ídolo da história do Cruzeiro.

As poucas vezes que Fábio não jogou em todos esses anos foi porque não podia. Suspensão ou lesão foram os únicos motivos que levaram o jogador para longe da meta celeste. Qualquer coisa que não fosse isso, o goleiro assumia a posição e fazia questão de jogar mesmo os jogos que nada valiam.

Foto: Redes Sociais/Fábio
Foto: Redes Sociais/Fábio

Se o Fábio tivesse negado a readequação salarial, eu teria concordado que a decisão de saída era inquestionável, nenhum jogador pode estar acima de um processo de reconstrução. No entanto, segundo a carta divulgada pelo goleiro, ele aceitou a diminuição dos vencimentos e pediu um contrato até o fim do ano, só lhe foi oferecido, entretanto, três meses de vínculo.

Claro, essa é a versão do jogador e após tudo o que aconteceu com o Cruzeiro de 2019 para cá, eu me reservo no direito de não confiar cegamente em mais ninguém. No entanto, tomarei essa versão como realidade para fins de análise, mesmo porque enquanto escrevo este texto o clube não se posicionou ainda.

Faltou respeito da nova direção de futebol em relação ao ídolo. Claro, é direito da SAF não querer contar mais com o atleta e, em análise fria, o desempenho do Fábio de 41 anos não correspondia ao alto salário que ele ganhava do clube. No entanto, a entrega ainda era satisfatória e ele tinha uma incidência de liderança e identificação com a torcida que seriam essenciais para dar tranquilidade nesse início de novo projeto.

Quando o clube oferece um contrato que era sabido que o Fábio não iria aceitar, trata-o com desrespeito e falta de empatia, principalmente na figura do diretor Paulo André, como foi retratado pelo Fábio em sua carta, mostra uma incrível falta de sensibilidade.

O projeto apresentado por Ronaldo ainda me parece muito promissor, e para quem quer ver o lado positivo da história, esse rompimento com o Fábio mostra que o projeto sério e profissional parece que não vai ser da boca para fora. No entanto, a SAF agora arrumou uma pressão que considero extremamente desnecessária, mesmo porque, repito, Fábio havia concordado com a readequação salarial.

Foto: Redes Sociais/Cruzeiro
Foto: Redes Sociais/Cruzeiro

A torcida está brava, magoada e mesmo as ponderações que fiz nesse texto como defesa da não-renovação, boa parte dos cruzeirenses não concordariam ou se importariam. Fábio tem um status que não poderia ser rompido da maneira como foi.

Valeu, Fábio. Sua história no Cabuloso chegou ao fim, não com o respeito que você merecia, entretanto, sua grandeza jamais será diminuída. É o maior da história, esteve conosco nas boas e nas ruins, e no imaginário do cruzeirense, a camisa 1 terá sempre o seu nome.

Marcos Coelho
Jornalista, apaixonado por futebol e cruzeirense 

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