Por Alexandre Pierro
Muito mais do que esporte. Tido como o maior evento do segmento, as Olimpíadas atraem todos os tipos de públicos para acompanhar, de perto, os times de seus países na luta pela tão desejada medalha de ouro. Mas, não podemos restringir esse evento a, meramente, uma competição, uma vez que sua realização traz às regiões sedes uma oportunidade enorme em termos de crescimento econômico. Afinal, com uma alta quantidade de espectadores e atletas que viajarão até o local, é preciso investir em inovações que aperfeiçoem os campeonatos e a experiência dos espectadores – além, é claro, da infraestrutura local para que suporte tamanha demanda.
É de costume que as nações responsáveis por sediar esse evento invistam em reformas e obras estruturais que melhor preparem a região para receber todos os visitantes e possibilitar a realização destes jogos com máxima segurança e, claro, entretenimento. Tudo isso, pautado no que há de mais inovador no mercado, elevando a experiência de todos os envolvidos e a eficiência da organização como um todo.
A edição deste ano, que ocorrerá em Paris, contará com investimentos previstos de, aproximadamente, 9 bilhões de euros, conforme dados do governo local. E, desde seu anúncio, foram noticiadas uma série de inovações tecnológicas desenvolvidas para auxiliar a realização destes jogos, as quais também tenderão a ficar como importantes legados para o planejamento urbano da cidade e a indústria esportiva mundial.
Quando abordamos este tema, um dos primeiros recursos que vem à mente é, justamente, a Inteligência Artificial, e claro que ela seria uma das grandes protagonistas destes jogos olímpicos. Segundo as autoridades francesas, essa tecnologia será fortemente utilizada para monitorar os espaços mais movimentados da cidade, utilizando uma rede de câmeras inteligentes com reconhecimento facial para identificar potenciais riscos como bolsas ou pacotes abandonados, o aumento do volume de pessoas, entre outras situações.
A segurança é um dos cuidados governamentais mais importantes perante a qualidade de vida da população e, nesse sentido, os jogos serão uma oportunidade perfeita para usufruir dessas soluções mesmo após o campeonato. As próprias leis francesas receberam uma adaptação temporária para viabilizar o projeto, uma vez que certas normas proibiam o uso da tecnologia em locais públicos. Caso bem-sucedida, haverá uma forte amplitude de aplicações no mercado e na sociedade, através da flexibilização destas regulamentações.
Os atletas também não poderiam ficar de fora dessas vantagens. A IA trará informações em tempo real sobre o desempenho dos esportistas, com sistemas capazes de gerar análises e insights a partir das imagens captadas em cada modalidade, algo que contribuirá muito para analisar a performance durante as disputas. Para o mercado, essa aplicação poderá ser aproveitada pelas indústrias de eventos, live-marketing e grandes ligas esportivas.
Ecologicamente, um evento de tamanha magnitude demanda um olhar atento sobre este tema, e claro que a inovação se portaria como uma aliada crucial nesse sentido. Além de terem investido em transportes com emissão zero de CO2 para transporte dos atletas, os edifícios da Vila Olímpica foram especificamente construídos em prol da sustentabilidade local, com baixa emissão de carbono e utilizando 100% de energia renovável, com uma estratégia de desperdício zero. A proposta tenderá a permanecer no radar das grandes empresas e marcas, dando continuidade às suas operações e lançamentos se pautando nesses pilares integrantes do ESG.
Muito além de ser um palco para a celebração do esporte, os jogos olímpicos representam um catalisador de inovação sem precedentes para os países anfitriões. Todos os exemplos expostos acima, apesar de desencadeados pela necessidade de preparação da região para receber um evento desta magnitude e importância, poderão contribuir significativamente para que as ideias sejam ainda mais desenvolvidas e exploradas a favor do crescimento regional.
Este é um momento perfeito para reunir empresas, pesquisadores e instituições governamentais de todo o mundo, fomentando a colaboração e a troca de conhecimento em prol do desenvolvimento inovador local. Um ambiente propício para a experimentação e implementação de ideias disruptivas, deixando um legado duradouro de progresso e desenvolvimento para as nações envolvidas.
Alexandre Pierro é mestrando em engenharia e gestão da inovação, engenheiro mecânico, físico nuclear e especialista de gestão da PALAS, consultoria pioneira na ISO de Inovação na América Latina.
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